domingo, 27 de fevereiro de 2011

Refugiados da Líbia chegam a quase 100 mil

27 de fevereiro - Brasileiro que saiu da Líbia segura bandeira nacional ao desembarcar na Grécia. Foto: AFP

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur, em inglês) estimou neste domingo em quase 100 mil o número de pessoas que fugiram da Líbia nos últimos dias para escapar da repressão do regime político de Muammar Kadafi contra a mobilização popular.
O Acnur estabeleceu equipes de emergência nas fronteiras da Líbia com Tunísia e Egito para ajudar as autoridades locais e ONGs presentes no local a lidarem com a catástrofe humanitária.


O governo da Tunísia informou ao Acnur que, desde o último dia 20, 40 mil pessoas atravessaram sua fronteira provenientes da Líbia. Deles, 18 mil eram tunisianos, 15 mil egípcios, 2,5 mil líbios e 2 mil chineses.
Já as autoridades egípcias informaram ao órgão que cerca de 55 mil pessoas haviam cruzado sua fronteira desde o dia 19. Desses, 46 mil eram egípcios, 2,1 mil líbios e 6,9 mil de nacionalidades diversas, especialmente asiáticos.
"Estamos comprometidos a ajudar qualquer pessoa que fuja da Líbia. Fazemos um apelo à comunidade internacional para que responda rápido e com generosidade para ajudar esses Governos a enfrentarem a emergência humanitária", afirmou o alto comissário do Acnur, António Guterres, citado em comunicado.
O Acnur também está auxiliando pessoas sem passaportes válidos em terras sem controle entre Líbia e Egito.
Mundo árabe em convulsão
A onda de protestos que desbancou em poucas semanas os longevos governos da Tunísia e do Egito segue se irradiando por diversos Estados do mundo árabe. Depois da queda do tunisiano Ben Ali e do egípcio Hosni Mubarak, os protestos mantêm-se quase que diariamente e começam a delinear um momento histórico para a região. Há elementos comuns em todos os conflitos: em maior ou menor medida, a insatisfação com a situação político-econômica e o clamor por liberdade e democracia; no entanto, a onda contestatória vai, aos poucos, ganhando contornos próprios em cada país e ressaltando suas diferenças políticas, culturais e sociais.
No norte da África, a Argélia vive - desde o começo do ano - protestos contra o presidente Abdelaziz Bouteflika, que ocupa o cargo desde que venceu as eleições, pela primeira vez, em 1999; mais recentemente, a população do Marrocos também aderiu aos protestos, questionando o reinado de Mohammed VI. A onda também chegou à península arábica: na Jordânia, foi rápida a erupção de protestos contra o rei Abdullah, no posto desde 1999; já ao sul da península, massas têm saído às ruas para pedir mudanças no Iêmen, presidido por Ali Abdullah Saleh desde 1978, bem como em Omã, no qual o sultão Al Said reina desde 1970.
Além destes, os protestos vêm sendo particularmente intensos em dois países. Na Líbia, país fortemente controlado pelo revolucionário líder Muammar Kadafi, a população vem entrando em sangrento confronto com as forças de segurança, já deixando um saldo de centenas de mortos. Em meio ao crescimento dos protestos na capital Trípoli e nas cidades de Benghazi e Tobruk, Kadafi foi à TV estatal no dia 22 de feveiro para xingar e ameaçar de morte os opositores que desafiam seu governo. Na península arábica, o pequeno reino do Bahrein - estratégico aliado dos Estados Unidos - vem sendo contestado pela população, que quer mudanças no governo do rei Hamad Bin Isa Al Khalifa, no poder desde 1999.
Além destes países árabes, um foco latente de tensão é a república islâmica do Irã. O país persa (não árabe, embora falante desta língua) é o protagonista contemporâneo da tensão entre Islã/Ocidente e também tem registrado protestos populares que contestam a presidência de Mahmoud Ahmadinejad, no cargo desde 2005. Enquanto isso, a Tunísia e o Egito vivem os lento e trabalhoso processo pós-revolucionário, no qual novos governos vão sendo formados para tentar dar resposta aos anseios da população.


                                                                             Fonte: http://noticias.terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário