A inglesa Mini tenta apostar na fórmula de sucesso, pois escolheu a mesma cidade para lançar seu primeiro modelo de estilo aventureiro, o Countryman.
A cidade portuária é mais conhecida por ser o berço de uma das maiores transportadoras marítimas do mundo, e não pela presença de boas trilhas. Porém, a falta de identificação com a terra também se aplica ao Countryman. Sua missão não é enfrentar barro e cascalho, mas testar os limites da marca. Afinal, o quanto se pode mudar um Mini até que ele deixe de ser um Mini?
A ousadia começa no tamanho do modelo, o primeiro a ultrapassar os quatro metros de comprimento (ele tem 4,097), o que quebra um paradigma presente até no nome da marca. Mas isso em nada feriu seu DNA, já que sua proporção ainda o torna bem pequeno ao lado de outros utilitários de vocação urbana. O espaço extra traz outra inovação: agora há quatro portas, que tornam o modelo bem amigável para famílias. Cresceram também a grade dianteira, as lanternas e os arcos dos para-lamas, que abrigam rodas de aro 17 e pneus de perfil baixo 205/55. Isso cria um visual bem robusto para um modelo de origem tão compacta.
Não queria abusar da beatlemania, mas a ocasião se impõe. Afinal, foi também em Hamburgo que os garotos de Liverpool conheceram o corte de cabelo que adotariam no início de carreira, batizado de “moptop”. E o Mini? Bem, a fim de manter seu visual característico, mas agregando algo novo, a marca adotou um “teto flutuante” de linhas mais aerodinâmicas, com colunas pintadas de cor diferente do restante do carro. É praticamente um cabelo tigelinha. Ele ameniza o aumento das proporções e dá espaço para uma janela extra na terceira coluna, que ajuda nas manobras. Soluções criativas para oferecer o aventureiro que os fãs da marca jamais poderiam ter concebido.
Embora conte com sete versões, o Brasil terá apenas três à venda: Cooper, Cooper S e Cooper S All4. Não serão oferecidas a opção de entrada One, nem as motorizações a diesel. Mas não será grande perda, já que o motor 1.6 a gasolina tem ótimo desempenho e desenvolve mais potência (122 cv ante 112 cv no Cooper). O Cooper S a gasolina tem 184 cv, por conta do turbocompressor. Ele roda silenciosamente tanto em baixas rotações quanto em altas, e o consumo durante o trajeto de 200 km ficou em 10,5 km/l na versão Cooper S All 4, que merece um parágrafo só para ela.
Apesar do trajeto de terra disponível para avaliação não ser tão off-road assim (já vi ruas mais irregulares em trechos urbanos de São Paulo), a tração integral mostrou trabalhar muito bem, graças ao sistema eletrônico inteligente que direciona a força automaticamente para o eixo que mais precisa dela. O processo é automático e pode dividir a tração entre eixo traseiro e dianteiro em qualquer porcentagem. A suspensão (McPherson na dianteira e multilink na traseira) também foi retrabalhada, proporcionando maior conforto em terrenos mais exigentes. Mas o Countryman não deixa esquecer que há um S no nome da versão e também se sai bem como esportivo. As respostas rápidas nas trocas manuais empolgam, seguindo sem qualquer desânimo até a 6ª marcha – a 200 km/h em uma típica Autobahn alemã, ultrapassando alguns Audis e Mercedes. Afinal, no DNA da Mini também há as letras BMW, sua controladora.
Pequeno painel na coluna do volante informa só o básico: rotação do motor, velocidade no mostrador digital e alertas
A versão All4 também traz inovações, como o trilho central estilizado que divide os dois bancos traseiros. Além de abrir mais espaço para os ocupantes, ele serve como “porta-trecos” e pode receber acessórios variados para servir de suporte para óculos, latas, balas, iPods ou celulares. O trilho (vale lembrar que os bancos traseiros não correm sobre trilhos) também pode ganhar cor personalizada, seguindo o que ocorre com qualquer item dos carros da Mini. Se não gostar da inovação, o interessado pode trocar por um banco inteiriço tradicional, sem pagar nada a mais por isso.
Banco traseiro para três pessoas pode ser substituído por dois bancos comuns e um trilho central que serve de suporte para diversos porta-ojetos; Painel central traz grande monitor que exibe informações do sistema multimídia e tem velocímetro como moldura
A Mini fala em disputar mercado com a Land Rover, com preço inicial em torno de R$ 110 mil. Assim como em outros de seus modelos, a marca aposta nas características-símbolo como atrativos. Na teoria, ser um Mini já vale o preço extra para muita gente. E a expansão de limites promovida com o Countryman ajudará bastante em futuras apostas. As versões cupê e roadster vêm aí.
Viagem a convite da BMW/Mini
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